A declaração de Pepetela, um dos mais renomados escritores angolanos, lamentando a desvalorização das línguas nacionais angolanas, toca em um tema fundamental para a cultura e identidade de Angola. Pepetela, conhecido pela profundidade de suas obras e pela crítica social, enfatiza a importância das línguas nacionais na preservação da identidade cultural, no fortalecimento da coesão social e no desenvolvimento de uma Angola plural.

1. O Contexto das Línguas Nacionais em Angola

Angola é um país com uma grande diversidade linguística e cultural. Estima-se que existam mais de 30 línguas nacionais, entre as quais se destacam o kimbundu, umbundu, kikongo, chokwe, ngangela, tchokwe e outras. Essas línguas são faladas por milhões de angolanos, especialmente nas áreas rurais e periféricas, onde ainda preservam uma presença forte na vida cotidiana.

No entanto, o português, como língua oficial, tem dominado o espaço público e institucional desde o período colonial e, apesar da independência de Angola em 1975, o português continua sendo a língua dominante em educação, governo, comunicação e meios de comunicação social. Isso tem levado a uma subordinação das línguas nacionais, muitas vezes consideradas de menor valor no contexto social e educacional.

2. A Desvalorização das Línguas Nacionais

A desvalorização das línguas nacionais em Angola não é um fenômeno recente. A imposição do português como língua de ensino e comunicação pública tem enfraquecido o prestígio e a prática das línguas locais. Essa situação tem vários reflexos, incluindo:

• Perda de identidade cultural: A língua é uma das formas mais poderosas de expressar e preservar a cultura. Ao negligenciar as línguas nacionais, muitas tradi